Estudo: jejum intermitente não é melhor para emagrecimento do que comer ao longo do dia

À medida que mais pessoas ficam com sobrepeso e obesas, as manias por dieta estão se tornando mais populares do que nunca. Uma das dietas mais populares hoje é o jejum intermitente, um padrão alimentar que circula entre os períodos de jejum e alimentação. Estudos anteriores relacionaram o jejum intermitente à perda de peso. “Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, descobriu que o jejum intermitente não é melhor para a perda de peso do que comer refeições consistentes, mas adequadas a um consumo calórico menor que a taxa metabólica basal, ao longo do dia”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). O estudo Effects of Time-Restricted Eating on Weight Loss and Other Metabolic Parameters in Women and Men With Overweight and Obesity, publicado no JAMA Internal Medicine em 28 de setembro, teve como objetivo determinar o efeito da alimentação com restrição de tempo na perda de peso e saúde metabólica em pacientes com sobrepeso e obesos.

No estudo randomizado de 116 pessoas com sobrepeso ou obesidade, os pesquisadores dividiram os pacientes em dois grupos – o grupo de horário de refeição consistente (CMT) e o grupo que comeria com restrição de tempo (TRE). No grupo CMT, os participantes foram orientados a fazer três refeições estruturadas por dia, enquanto o grupo TRE foi orientado a comer do meio dia às 20h00. Este último grupo também foi orientado a evitar a ingestão calórica das 20h00 às 12h00 do dia seguinte. “O ensaio clínico durou 12 semanas e incluiu homens e mulheres com idades entre 18 e 64 anos. Os participantes têm um índice de massa corporal (IMC) de 27 a 43. Os pesquisadores também distribuíram escalas Bluetooth para monitorar o progresso da perda de peso”, diz a médica.

            Após 12 semanas, ambos os grupos perderam algum peso desde o início, cerca de 0,93kg na dieta restritiva de tempo e 0,68kg no grupo de refeição consistente. “No entanto, não houve diferenças notáveis nas medidas secundárias, como alterações nos níveis de peso, massa magra, massa gorda, insulina de jejum e hemoglobina A1c, entre outras”, diz a médica. Nos resultados do estudo, a equipe descobriu que o jejum intermitente ou a alimentação com restrição de tempo estavam ligados a uma diminuição modesta no peso, que não foi significativamente diferente da diminuição no grupo de controle. “Comer com restrição de tempo, na ausência de outras intervenções, não é mais eficaz na perda de peso do que comer ao longo do dia, segundo o estudo”, afirma a Dra. Marcella.

            Os resultados são consistentes e também se relacionam com um estudo anterior que demonstra que uma recomendação para pular o café da manhã não afeta os resultados de peso em pacientes que tentam perder peso, mas contradiz relatórios anteriores que descrevem os efeitos benéficos do jejum intermitente na perda de peso e outros marcadores de risco metabólico.

Jejum intermitente: seus benefícios e riscos

O jejum intermitente se tornou cada vez mais popular recentemente. Períodos de abstinência voluntária de alimentos e bebidas têm sido praticados há milênios pelos povos de todo o mundo, pelos mais diversos motivos, os mais comuns são os religiosos, de saúde, para emagrecimento e prática de atividades físicas. “O jejum intermitente é um método dietético que alterna intervalos de jejum com períodos de alimentação, com o objetivo de fazer que o corpo utilize os estoques de gordura do corpo. Geralmente são indicadas entre 10 a 24 horas de jejum, diariamente ou em alguns dias periodicamente. Nos últimos anos, o jejum intermitente tem mostrado potencial para sua aplicação em saúde, emagrecimento e exercício físico. As adaptações metabólicas que o jejum intermitente gera estão relacionadas com melhora da sensibilidade à insulina, diminuição dos marcadores inflamatórios e emagrecimento”, diz a médica. Ao contrário das descobertas do estudo, estudos anteriores demonstraram os benefícios do jejum intermitente para a saúde, incluindo redução dos níveis elevados de açúcar no sangue, reparo celular, redução da resistência à insulina, diminuição da inflamação no corpo e promoção da saúde do coração.

            Por exemplo, um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, o jejum de curto prazo aumenta a taxa metabólica de 3,6 a 14%, ajudando a queimar ainda mais calorias. “Além disso, estudos anteriores mostraram que o jejum intermitente pode aumentar a perda de peso, mas a chave pode ser a redução de calorias. Em alguns casos, o jejum pode levar a uma perda de peso mais rápida se os participantes cortarem até 500 calorias por dia. Isso significa que a perda de peso relatada pode estar ligada à restrição calórica, ao invés do jejum intermitente”, afirma a médica.

Segundo a Dra. Marcella, o jejum intermitente é uma estratégia dietética que não está indicada para todas as pessoas e os riscos aumentam muito quando o é feito sem acompanhamento, pois as pessoas ficam longos intervalos sem comer e nos períodos que se alimentam o fazem de forma inadequada e por isso podem ter alterações metabólicas como hipoglicemia, desnutrição, desidratação, sintomas como fraqueza muscular, dificuldades de concentração e ainda aumentar a tendência de desencadear transtornos alimentares como compulsão alimentar periódica, bulimia e anorexia. “Todos os tipos de jejum são contraindicados para gestantes, lactantes, crianças, adolescentes e alguns doentes crônicos”, diz a médica. “O melhor a fazer é sempre procurar acompanhamento médico nutrológico para a realização de jejum intermitente”, finaliza.



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