Neurocirurgião esclarece dúvidas sobre a esclerose múltipla

No início deste mês, uma cena na novela global A regra do jogo, despertou a atenção de milhões de brasileiros para uma afecção neurológica grave. O personagem Romero Rômulo, interpretado por Alexandre Nero, apresenta sintomas como tontura e desmaio e é diagnosticado pelo médico como tendo esclerose múltipla.

A Regra do Jogo

Crédito: Globo/Renato Rocha Miranda

Da telinha para a vida real, muitas dúvidas surgiram. Segundo o neurocirurgião e professor de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Feres Chaddad Neto, “trata-se uma doença degenerativa e que não tem cura. Portanto, quanto mais cedo o diagnóstico, melhores são as perspectivas de controle dos sintomas”, explica.
Estima-se que no Brasil, 35 mil pessoas são portadores da enfermidade. “A esclerose múltipla uma doença crônica do sistema nervoso central que afeta o cérebro e a medula espinhal e que interfere na capacidade do cérebro e da medula espinhal para controlar funções, como caminhar, enxergar, falar, urinar e outras”, explica Feres Chaddad Neto.
Segundo o neurocirurgião, ela afeta gravemente a qualidade de vida dos pacientes e incide geralmente entre 20 e 50 anos de idade, predominando entre as mulheres. Ela não é contagiosa ou mental (psiquiátrica). “Na esclerose múltipla, o sistema de defesa do corpo (imunológico) fica desregulado e começa a produzir uma grande quantidade de citocina, uma proteína programada para reconhecer e combater vírus e bactérias, que passa a atacar a mielina, a substância que recobre os neurônios, cuja finalidade é facilitar a transmissão dos sinais elétricos nervosos dentro do sistema nervoso”, explica o professor Chaddad Neto. “Quando a mielina é destruída, as fibras nervosas são também atingidas, o que altera ou interrompe os impulsos nervosos entre elas (sinapses).”

De acordo com o neurocirurgião, a fase inicial da esclerose múltipla é bastante sutil. Os sintomas são transitórios, podem ocorrer a qualquer momento e duram aproximadamente uma semana. “Tais características fazem com que o paciente não dê importância às primeiras manifestações da doença que é remitente-recorrente, ou seja, os sintomas vão e voltam independentemente do tratamento”, relata.

Os primeiros sinais que podem aparecer são pequenas turvações na visão, ou pequenas alterações no controle da bexiga. Com a evolução do quadro, surgem outros sintomas, como fraqueza, tremores, formigamento nas pernas ou de apenas um lado do corpo, diplopia (visão dupla) ou perda visual prolongada, desequilíbrio e descontrole dos esfíncteres, ou mesmo alterações de comportamento, como mudanças bruscas de humor e depressão, até disfunções sexuais como impotência.

Crédito: Globo/Renato Rocha Miranda

Crédito: Globo/Renato Rocha Miranda

Uma vez confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, o paciente necessita de acompanhamento médico e tratamento para o resto da vida. O controle medicamentoso tem como objetivos principais abreviar a fase aguda e tentar aumentar o intervalo entre um surto e outro. No primeiro caso, os corticosteróides são drogas úteis para reduzir a intensidade dos surtos. No segundo, os imunossupressores e imunomoduladores ajudam a espaçar os episódios de recorrência e o impacto negativo que provocam na vida dos pacientes. Além disso, a fisioterapia motora, a terapia ocupacional e o tratamento fonoaudiólogo podem ser indicados em casos individuais.
“Embora limitadora, a maioria dos pacientes com esclerose múltipla tem uma vida normal e uma expectativa de vida semelhante à população saudável“, afirma o médico. “Por isso, é fundamental que o diagnóstico seja feito o mais breve possível, para evitar o avanço da doença e garantir a qualidade de vida dos pacientes.”

 

Fonte: Feres Chaddad Neto é graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, com residência em Neurocirurgia pela mesma universidade. Fez especialização (fellowship) em Microcirurgia Vascular e para Tumor pelo Instituto de Ciências Neurológicas, mestrado e doutorado em Neurologia pela Universidade de Campinas (Unicamp), fellowship em Anatomia Microcirúrgica na Universidade da Flórida (EUA). Atualmente é professor adjunto de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde é chefe da Neurocirurgia Vascular. É neurocirurgião em diversos hospitais no Brasil e no exterior.



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