Dentes do siso: extração é a melhor conduta?

shutterstock_221567269Entre 18 e 24 anos costumam surgir os dentes do siso, popularmente conhecidos como “dentes do juízo”. Até bem pouco tempo, a extração era o destino de todos eles. Na última década, entretanto, novas orientações transformaram a rotina dos cirurgiões-dentistas. Se a erupção do dente foi completa, se ele está saudável, bem posicionado e ainda oferece condições de boa higiene bucal, deve ser preservado.

Na opinião do cirurgião-dentista Artur Cerri, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), o grande problema que ainda persiste em relação ao dente do siso (terceiro molar) é que, na maior parte dos casos, ele não conta com espaço suficiente para nascer e completar a erupção num ângulo ideal. “Há casos em que ele permanece completamente escondido sob a gengiva – muitas vezes, em posição horizontal. Também pode acontecer de ele emergir parcialmente, nascendo apenas uma pontinha do dente do siso. Isso pode resultar num problema de grandes proporções no futuro, já que o paciente não terá condições de fazer uma higiene ideal e as chances de o acúmulo de bactérias levar a uma infecção são grandes”.

Cerri revela que, ao contrário de quando a raça humana dependia de dentes molares para triturar alimentos crus, a dieta de hoje em dia – com acesso abundante a alimentos processados – dispensa esse tipo de esforço extra. Mesmo assim, somente se justifica extrair o dente do siso em caso de dor, repetição de infecção – com risco de perda do segundo molar também –, presença de cistos ou tumores, gengivite ou cárie profunda. “Cabe ao cirurgião-dentista avaliar bem seu paciente e, em comum acordo, diante de todas as consequências, tomar a decisão pela extração ou não”.

O especialista explica que a conduta já ultrapassada, de extrair todo e qualquer dente do siso, aumentou agressivamente na década de 50 por conta do acesso aos antibióticos e a equipamentos elétricos. Entretanto, novas diretrizes fizeram com que despencasse o número de extrações desde o início dos anos 2000. “Trata-se de um procedimento doloroso para o paciente, com tempo de recuperação que pode levar até três semanas e necessidade de fazer uso de medicamentos potentes no pós-operatório. Sendo assim, a extração do siso tem de ser muito bem indicada. Por outro lado, há descuidos que levam a uma infecção não só do dente do siso como do molar ao lado e, inclusive, à lesão do nervo naquela região da mandíbula. Nesses casos extremos, o paciente pode chegar a perder a sensibilidade do lábio”.

 



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